Marcos Filipe – Pascom Arquidiocesana
A Catedral Metropolitana de Nossa Senhora dos Prazeres foi, nesta Sexta-feira Santa (19), o centro da fé e da contemplação na Arquidiocese de Maceió. Fiéis se reuniram para participar da Celebração da Paixão do Senhor, presidida por Dom Beto Breis, arcebispo metropolitano, em uma liturgia marcada pelo silêncio, recolhimento e profundidade espiritual.
Sem missa, como determina a tradição litúrgica deste dia, a celebração foi composta por três momentos centrais: a Liturgia da Palavra, com a leitura solene da Paixão segundo São João; a Oração Universal, onde a Igreja intercede por toda a humanidade; e a Adoração da Santa Cruz, gesto que expressa a veneração dos cristãos ao instrumento da salvação.
Em sua homilia, Dom Beto destacou a leitura do profeta Isaías sobre o Servo Sofredor, afirmando que a Igreja sempre reconheceu nessa figura a imagem de Cristo. “Jesus foi desprezado, tratado como malfeitor, sofreu toda forma de violência. E foi por meio desse sofrimento que fomos curados e salvos. A Páscoa que nos salva é o mistério da cruz”, afirmou.
O arcebispo ressaltou ainda que a cruz, símbolo de vergonha e derrota, foi transformada por Deus em sinal de vitória e fonte de vida. “Quem acolhe o Filho desprezado, a esse o Pai entrega o Reino”, disse.
Referindo-se à segunda leitura, extraída da Carta aos Hebreus, Dom Beto explicou que o sacerdócio de Jesus é único e diferente: “No templo antigo, ofereciam-se animais. Mas Jesus não ofereceu algo — Ele se ofereceu. Seu sacerdócio é um dom total, uma vida entregue em sacrifício de amor.”
Ao meditar sobre o Evangelho da Paixão, o arcebispo também chamou atenção para os jardins que marcam o início e o fim da narrativa: o Getsêmani e o local do sepultamento. “Esses jardins nos remetem ao Éden. A ressurreição inaugura uma nova criação. Jesus ressuscita no primeiro dia da semana — tudo recomeça ali. Essa é a nossa esperança.”
Neste Ano Jubilar vivido pela Igreja, Dom Beto convidou os fiéis a fixarem o olhar em Cristo crucificado. “Não podemos nos acostumar com a cruz. Ela deve sempre nos interpelar. Na cruz está o Filho de Deus, rejeitado por todos. E foi ali, no mais baixo, que Ele nos salvou. Amou-nos até o fim.”
Encerrando a celebração, a procissão do Senhor Morto percorreu as ruas do centro da cidade, acompanhada pela imagem de Nossa Senhora das Dores. Em clima de profunda emoção, os fiéis caminharam em silêncio, contemplando o mistério da morte de Cristo e aguardando com fé a alegria da ressurreição.