Maria Salésia/Pascom Sta. Terezinha
Na noite da terça-feira, 16, a fé se transformou em arte, devoção, espetáculo, memória e celebração para centenas de fiéis da Paróquia de Santa Terezinha do Menino Jesus, no Bairro da Serraria, em Maceió, que acompanharam a encenação da Paixão de Cristo, auto de Páscoa que encena os últimos dias de Jesus Cristo na terra. Este é o 10º ano que a comunidade se mobiliza para oferecer o belo espetáculo, que se tornou um marco no calendário da paróquia.
O evento contou com uma equipe de 250 pessoas, entre figurantes e envolvidas com trabalhos de montagem, maquiagem e costura. A cada ano a encenação vira um grande teatro a céu aberto e tem atraído fiéis da comunidade e de outros bairros da capital alagoana. Na realidade, há cada ano é uma emoção diferente. “É muito emocionante ficar sabendo de como foi a vida de Cristo e mais gratificante poder participar deste momento”, diz Luiz Carlos dos Santos membro do grupo de casais da paróquia de Santa Terezinha que ano passado ele e a família participaram da encenação e neste colaborou nas vendas de alimentação durante o evento. Emoção também para quem viveu na pele a história da era de Cristo. “Fazer o papel de Maria é uma grande responsabilidade. Nossa Senhora é meu exemplo de fortaleza e servidão. Por isso, desde o dia que recebi o convite, iniciei minhas orações” ressaltou Francy Ellen, intérprete de Nossa Senhora na encenação.
Emocionada, acrescentou que “a Paixão de Cristo é o maior exemplo de amor para a humanidade. Assim, ao interpretar, sinto-me como Nossa Senhora que sofreu vendo seu filho passar por todo sofrimento pela nossa salvação”, comparou.
Caio Batista deu um show na intepretação de Jesus Cristo. A emoção tomou conta do jovem em cada cena que viveu. Inclusive, em alguns momentos foi possível perceber lágrimas em seu rosto. Segundo ele, para fazer o papel de Cristo precisou se preparar espiritualmente e fisicamente a ponto de perder 10 quilos. “Não esperava me emocionar tanto. Chorei muitas vezes de emoção. Meu coração transborda de alegria em poder interpretar Jesus Cristo. Foi um momento ímpar que vou levar por toda vista”, enfatizou Caio.
Verônica Guimaraes interpretou mulheres na multidão que acompanhavam Jesus. Ela falou da alegria de estar ali. “Senti-me muito bem. Neste momento nos faz refletir e acreditar que Ele vive dentro de nós e passamos a aceitar o sofrimento com mais coragem e fortalecer nossa fé. Me emocionei com Maria, com Verônica e com todas as mulheres. Ali vejo as mães sofrendo por seus filhos desviados e pelo sofrimento que todas as mães passam quando os filhos sofrem”, afirmou.
Padre José Augusto levou o povo a refletir que celebrar a via-sacra é seguir os passos de Jesus. E disse que quando parecia que tudo estava terminado, que o mal tinha vencido o amor, somos levados a vivermos verdadeiramente a vitória do Senhor. “Que esta noite nos ajude a ter compromisso e generosidade e m servir e viver nossa fé. O Senhor ressuscitou, vive entre nós. Ele é a nossa verdadeira esperança, a vida triunfa sobre a morte”, afirmou o sacerdote ao agradecer ao elenco, paroquianos e visitantes ao convidar a todos a vivenciar a Paixão que termina com a Ressurreição.
A comunidade não mediu esforços para mostrar o espetáculo que a cada ano emociona paroquianos, visitantes e até quem assistiu pela primeira vez. Este ano, a cada estação a emoção tomou conta da multidão que se aglomerava para não perder nenhum detalhe. O Sermão da Montanha foi um atrativo à parte. A Entrada de Jesus em Jerusalém parecia cenas reais. O Templo, a Santa Ceia, O Monte das Oliveiras, Morte de Judas, Palácio de Herodes, Palácio de Pilatos, encontro de Jesus com Maria e o com Verônica traziam sentimentos variados. O flagelo de Jesus arrancou suspiros e pedidos de misericórdias de quem assistia. O momento da crucificação e morte do Salvador fez o público refletir. Mas o ápice do espetáculo foi a ressurreição de Cristo. Um misto de emoção tomou conta de todos. O público aplaudia, cantava, dava glória, rezava, se confraternizava e agradecia. “Parece que estou dentro da história”, disse de forma espontânea Letícia de 7 anos.
De acordo com Claudia Batista, membro da organização, cada cenário é um atrativo à parte. As cenas se passaram em lugares e momentos que fazem parte da História de Cristo, levando reflexão e a fraternidade. “Emprestamos nossos talentos com amor e muita fé para transmitir aquilo que Deus nos ensina. Amar uns aos outros”, comemorou Cláudia.
ENCONTRO- Na noite da terça-feira, 16, aos poucos as pessoas se aglomeravam na praça do início do conjunto José Tenório a espera das procissões que iriam promover o encontro de Jesus Cristo com sua mãe. De repente, a voz do padre Ronaldo anunciava, através de um canto pascal, a chegada do filho de Deus, que vinha em procissão da igreja de São Judas. Não demorou muito, Maria surge ao lado do público que a acompanhava desde o conjunto Vale da Serraria. O encontro aconteceu, a emoção também. “Foi muito forte. Não consegui conter as lágrimas. Uma grande honra poder fazer parte desse momento”, disse Roberta Lays, a Nossa Senhora desse primeiro momento.