Manuela Ponciano| Pascom Arquidiocesana
Segundo Dom Beto Breis, para alcançar essa graça, é necessário assumir o papel de “Igreja samaritana, solidária, atenta às dores dos que sofrem”

A Festa da Divina Misericórdia é celebrada no segundo domingo da Páscoa desde o ano 2000, quando foi instituída por São João Paulo II. No dia 27 de abril deste ano, os fiéis da Arquidiocese de Maceió celebraram a data litúrgica no Santuário da Misericórdia São João Paulo II e Santa Dulce dos Pobres, que recebe esse título em homenagem ao santo que esteve em Maceió no ano de 1991 — tornando o local propício à veneração e expressão de fé.
Neste ano, a celebração no santuário foi organizada pela Forania Nossa Senhora Virgem dos Pobres, que acolheu com alegria toda a Arquidiocese, mas as demais paróquias realizaram suas próprias celebrações.

O momento começou às 14h30 com a animação do Ministério de Música da Comunidade Shalom. Às 15h, hora da misericórdia, os fiéis rezaram com devoção o Terço da Divina Misericórdia.
Segundo o Diário de Santa Faustina, livro que reúne seus pensamentos, orações e relatos de visões, Jesus prometeu que quem clamar por sua misericórdia às três horas da tarde e meditar sobre sua Paixão obterá graças abundantes.

“A conversão não é um evento, é um processo”
O arcebispo metropolitano, Dom Beto Breis, participou de todos os momentos do encontro e alertou os fiéis: “Celebrar a misericórdia é admirar, contemplar que Deus não tem misericórdia, Ele é misericórdia”.

Segundo o metropolita, para alcançar essa graça, é necessário assumir o papel de “Igreja samaritana, solidária, atenta às dores dos que sofrem, contra algo muito grave em nosso tempo: a epidemia da indiferença. Contra essa epidemia, o antídoto é a misericórdia”.
O metropolita explicou ainda que a misericórdia está ao alcance de todos por meio do arrependimento sincero, sobretudo através do sacramento da reconciliação, pois “Deus não se cansa de perdoar”.
Acrescentou que, neste Ano Santo Jubilar, é possível lucrar indulgências na caminhada de conversão, destacando que “a conversão não é um evento, é um processo”. Para incentivar esse processo contínuo, vários padres da forania estiveram disponíveis para atender confissões.

O arcebispo também se juntou aos demais sacerdotes para ouvir e absolver os fiéis. Ensinou, com ternura, que no processo de conversão, cada indivíduo com a graça de Deus, que sustenta e fortalece.
As parábolas do filho pródigo, da moeda perdida e da ovelha perdida — todas narradas no capítulo 15 do Evangelho de São Lucas — mostram que Deus faz festa quando uma pessoa se converte. “Fico feliz quando uma pessoa experimenta a misericórdia de Deus e começa uma vida nova”, concluiu Dom Beto

Confiando no ensinamento da Santa Faustina, intitulada Apóstola da Divina Misericórdia, dona Maria Cícera rezou com fé, pedindo saúde e harmonia para as famílias.
A jovem Taís, paroquiana de São José do Trapiche, reconhece que, a cada erro, é preciso buscar a confissão para se reconciliar com Deus. Ela definiu sua experiência com a misericórdia divina por meio de uma metáfora: “Deus é um mar imenso, e eu sou apenas uma minúscula gota de água que, mesmo envolta em pecados, Ele ama”.
Embora o evento seja anual e amplamente divulgado, muitas pessoas participaram pela primeira vez. O jovem Emanoel, da Paróquia Nossa Senhora do Bom Parto, passou um período afastado da doutrina católica e escolheu esse dia para se reaproximar ainda mais da Igreja, atendendo ao convite de amigos: “Vim renovar a minha fé e espero que seja algo marcante em minha vida”, disse o estudante.
“Devemos ser Igreja em saída”
A Festa da Misericórdia na Forania Nossa Senhora Virgem dos Pobres valoriza o espaço onde esteve São João Paulo II — o Papa que instituiu a celebração litúrgica e propagou com louvor a mensagem da misericórdia.
O evento reuniu paróquias da forania justamente na data em que se recordava o sétimo dia do falecimento do Papa Francisco. Conhecido mundialmente como o Papa da Misericórdia, ele foi lembrado com respeito e gratidão pelo clero e pelos fiéis presentes.
Para levar adiante a experiência vivida nesse lugar sagrado, o Padre Marcio Roberto, membro da comissão de administração do Santuário, incentivou: “Devemos ser Igreja em saída, que leva a paz e a mensagem de esperança para todos os lares”, concluiu.
Ao final da tarde, mais pessoas se uniram aos fiéis para um momento que reacendeu a fé e a esperança dos católicos. O Padre Cosme conduziu o Santíssimo Sacramento pelo meio do povo, e, em seguida, o guiou para o palco central, onde ocorreu a bênção ao santíssimo.
A sensibilidade do sacerdote, guiado pelo próprio Cristo, proporcionou aos devotos um momento ímpar na presença do tesouro da fé católica, levando muitos às lágrimas. O sentimento do vigário forâneo, Padre Adriano Vieira, era de alegria e gratidão pelo encontro de tantas gerações vindas de diversas paróquias. Para expressar sua emoção, citou o Salmo 117: “Dai graças ao Senhor porque Ele é bom, eterna é a sua misericórdia” (Sl 117,1).
“A nossa fé é pascal, mas passa pela cruz”

O ápice do evento foi a Celebração Eucarística presidida por Dom Beto Breis, com concelebração dos padres da forania anfitriã e a assistência de diáconos. Em sua homilia, o arcebispo destacou aspectos do fecundo pontificado do Papa Francisco, que faleceu na Oitava da Páscoa e foi sepultado justamente na Festa da Misericórdia.
Recordou que o primeiro documento publicado por ele foi a exortação apostólica Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho), que aborda o fundamento da esperança cristã, razão da alegria. Ressaltou que “a nossa fé é pascal, mas passa pela cruz”, orientando os fiéis a não deixarem que lhes roubem a esperança.
Ainda sobre o Papa Francisco, mencionou seu lema: miserando atque eligendo (“olhou com misericórdia e me escolheu”). Ensinou que o fundamento da Divina Misericórdia não está apenas nas aparições de Jesus a Santa Faustina, mas nos próprios Evangelhos. É neles que encontramos a manifestação plena de que Deus é misericórdia, ama e perdoa.
Após a Santa Missa, a festa continuou com o show do Ministério Tronos.
Reze o Terço da Divina Misericórdia
Inicia-se o Terço com a Oração do Pai-Nosso, seguido de uma Ave-Maria e um Credo.
Nas contas do maiores, reza-se: Eterno Pai, eu Vos ofereço o Corpo e Sangue, Alma e Divindade de Vosso diletíssimo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, em expiação dos nossos pecados e do mundo inteiro.
Nas contas menores, reza-se: Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro. (10 vezes)
Ao final do terço, reza-se: Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal, tende piedade de nós e do mundo inteiro. (3 vezes)