Nascido de Maria Virgem – Mons. Rubião Lins Peixoto

Mons. Rubião Lins Peixoto

Na oração do Credo, assim rezamos: concebido do Espírito Santo e nascido da Virgem Maria. “A Sagrada liturgia assim se expressa: Ao nascer da Mãe não a diminuiu, mas consagrou a sua integridade.” Santo Agostinho fala de um parto admirável. A Mãe delicadamente preparou as faixas que envolveram Deus Encarnado. “Quando um profundo silêncio tudo envolvia e a  noite chegava ao meio do seu curso, do alto do céu vossa Palavra Onipotente lançou-se no meio da terra” (Sb 18, 14-16). A Virgem revestiu o Verbo de carne e sangue. Isaías, o profeta, já predissera que Ele haveria de vir da Mulher. Os pastores despertados no meio da noite vão a Belém para ver o que lá acontecera. Depois chegarão os magos para adorar o Menino que está nos braços e no colo de sua Mãe.

Incrível que a criatura humana, Maria, cuidava da Divindade como uma frágil criança. Aquele, que de nada precisa, quis livremente precisar de uma Mulher. A Irmã Mirian, na sua sabedoria musical, ensinou-nos que: “ninguém imaginaria que Deus chamasse mamãe uma mocinha”. Isto, mais que admirável, é estupendo além dos nossos conceitos humanos. Somente a fé nos explica. O Natal é a Divindade que se humaniza e em tudo se faz semelhante a nós, só não no pecado. Aquele que estava enclausurado nas entranhas puríssimas de sua Mãe, agora nos é apresentado por Ela, a qual conduz a Palavra que não fala, mas chora como é próprio de qualquer infante. Quando Ele crescer, olhará a Cidade Santa de Jerusalém e chorará mais ainda pelos pecados da humanidade. Maria é a primeira adoradora do Verbo que dela se fez carne. Na espera do nascimento ela adorava sozinha o mistério, mas em Belém, convida a todos nós para ajoelharmo-nos diante Dele.

A Vida que estava no seio do Pai desde toda a eternidade no tempo, nos é dado por Maria pela força criadora do Espírito Santo. A Vida, da qual São João Evangelista testemunhou deixou escrito: “Eu toquei no Verbo da Vida.” A Mãe vestiu o Verbo feito Homem, “envolveu-o em panos”, alimentou-o com seu leite, cantou-Lhe canções de ninar, ensinou-Lhe a andar e a falar. Cuidou de Deus, beijando-O e afagando-O. Ó gruta de Belém, Casa do Pão, só tu fostes digna de acolher o Pão da Vida que a Virgem nos deu. Apressemo-nos a celebrar o nascido da Virgem Maria no meio da noite. A noite Santa espanta as trevas e é clara como o dia. Só se encontra Jesus nos braços de Maria. Por isso Isaías disse: “Eis que vos darei um sinal: a Virgem conceberá e dará à luz…”.