Por Mariane Rodrigues | Setor de Comunicação
A campanha convida os fiéis a cuidarem da casa comum e de todos os seres vivos criados por Deus

A Arquidiocese de Maceió celebrou, neste domingo (9), na Catedral Metropolitana, a Santa Missa de abertura da Campanha da Fraternidade nas comunidades de Maceió, da Região Metropolitana, Zona da Mata e do Região Norte. Neste ano, a Igreja promove o tema “Fraternidade e Ecologia Integral”, com o lema “E Deus viu que tudo era muito bom”. A campanha convida os fiéis a cuidarem da casa comum e de todos os seres vivos criados por Deus.
A Santa Missa foi presidida pelo arcebispo metropolitano, Dom Beto Breis, e concelebrada pelo padre da Igreja Catedral Nossa Senhora dos Prazeres, Cônego Elison Silva, que também é membro da Equipe de Campanhas do Regional Nordeste 2.
A Campanha da Fraternidade foi aberta em todo o Brasil na última Quarta-feira de Cinzas (5), junto com o período da Quaresma. Assim como o tempo quaresmal, o metropolita lembra que a campanha é uma oportunidade de conversão e de resposta a um apelo concreto, promovendo mudança de mentalidade e atitudes. Neste ano, o foco é o meio ambiente e todas as criaturas de Deus que compõem o planeta.
“Desde os anos 60, a Igreja no Brasil apresenta um apelo concreto nesse tempo favorável, privilegiado para a conversão, que é a Quaresma. A Campanha da Fraternidade não se opõe ao espírito quaresmal, ao contrário, complementa-o, soma-se a ele. A expressão ‘conversão ecológica’ surgiu em 2001 com o Papa São João Paulo II e foi retomada pelo Papa Francisco. Precisamos, de fato, nos converter também na relação com os bens da criação e com o próximo”, afirma Dom Beto Breis.

Para o arcebispo, a conversão ecológica propõe um “agir diferente” na relação de cada indivíduo com os bens da criação, sensibilizando a sociedade para a gravidade dos episódios climáticos. “Essa criação é a casa que o Pai fez para todos nós. Somos todos irmãos e irmãs nesta casa comum”, pontuou.
De acordo com Dom Beto Breis, é necessário sensibilizar, fortalecer ações, despertar consciência e engajar a sociedade na defesa do meio ambiente. “Percebemos que os impactos dessa crise ambiental têm gerado muita dor e sofrimento. É urgente uma mudança de mentalidade, uma conversão ecológica”, complementou o arcebispo.
Na homilia da Santa Missa, Dom Beto Breis destacou o período quaresmal, durante o qual, por 40 dias, os fiéis se preparam para a grande festa do Senhor: a Páscoa, a ressurreição de Cristo. Também é o momento de cada ser humano buscar afastar-se das tentações e deixar-se conduzir pelo Espírito Santo.
“Todos nós pecamos. Sempre nos deparamos com uma bifurcação: ou nos deixamos conduzir pelo espírito de Deus ou pelo que faz o mal, tira a vida e divide”, argumenta Dom Beto, elencando três principais tentações das quais devemos nos afastar: a ganância, o poder e a instrumentalização do nome de Deus.
Ele enfatiza que este é o período de intensificar as orações, o jejum e a caridade. E é por meio desta última que a Igreja se alinha à Campanha da Fraternidade. “A caridade é uma das práticas essenciais do tempo quaresmal. Ela nos convoca a um apelo concreto de fraternidade. A fraternidade, quando ferida, nos chama à mudança. A campanha deste ano busca promover, em espírito quaresmal e em tempos de urgente crise socioambiental, um processo de conversão integral, ouvindo o grito dos pobres e da terra”, explanou Dom Beto Breis durante a homilia.
O Cônego Elison Silva entende que o tema deste ano da Campanha da Fraternidade clama pela consciência da população quanto ao cuidado com “tudo aquilo que Deus criou”, pois todos os seres humanos fazem parte da criação. “Deus viu que tudo era bom, e nós recebemos tudo de Deus com essa bondade, para que sejamos capazes de viver e testemunhar esse dom da criação, assumindo a responsabilidade nos pequenos gestos e atitudes em relação à criação de Deus, confiada a nós”, disse Cônego Elison.
Edjane Melo, integrante da Pastoral da Família e frequentadora da Paróquia Santa Teresinha, esteve na missa de abertura da Campanha da Fraternidade e ressaltou a importância de discutir o tema da ecologia na atualidade.

“É muito importante pararmos para refletir sobre esse tema, pois a continuidade da vida no planeta depende de como cuidamos dessa casa comum. Tudo está interligado. Não podemos formar nossas famílias sem ensiná-las sobre a importância do meio ambiente, do descarte adequado do lixo, do que plantamos e, principalmente, do cuidado com o ser humano”, afirmou.
Jobson da Silva, também da Pastoral da Família, destacou que, sem a colaboração de cada indivíduo, o futuro do planeta fica comprometido.
“O mundo vive tempos difíceis em relação ao meio ambiente. Às vezes pensamos que é uma gota no oceano aquilo que fazemos em casa, como evitar o desperdício, o cuidado com os recicláveis, mas sem essa gota, o oceano seria menor. Cada ser humano tem a sua responsabilidade e o seu cuidado com o meio ambiente”, diz ele.
Não é por acaso que a Campanha da Fraternidade de 2025 traz o tema “Ecologia Integral”. Em 2025, o Cântico das Criaturas, de Francisco de Assis, completa 800 anos, e também se celebram os 10 anos da publicação da Encíclica Laudato Si pelo Papa Francisco.
O Papa Francisco, em sua encíclica, alerta que a “Irmã Terra clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou”. Ele ressalta que a humanidade evoluiu, mas imersa em um sentimento de posse e domínio, como se estivesse “autorizada” a saquear a Terra.